Meu maior erro Foi despejar amor Onde não havia alma.
As vezes é mais do que se sentir perdido. É ser engolido por buracos negros, descascado, mastigado e cuspido pelo caos. De novo e de novo. Nessas horas, os padrões de sobrevivência parecem abrigo. Não são fuga, são trincheiras que construímos em cada tempestade. Existe força na batalha, mas também no recuo. E muitas vezes não resta opção, a não ser, ser forte.
Eu já atingi o fundo do poço tantas vezes, que houve momentos que achava ser o lugar mais seguro. Mas era como se eu mal conseguisse respirar, até perceber que estava de fato sufocando. Fingir que o mundo a minha volta não existia parecia mais fácil, mas depois de tantas quedas, fui aceitando que nesse mundo não dava pra ser sozinha. Só quando me permiti ser vulnerável percebi que dividir a dor era menos cruel comigo mesma, do que atravessar o inferno por conta própria.
E um dia desses, uma pessoa querida me disse: seja o caos.
As vezes a gente leva uma rasteira da vida. Coisas que de longe parecem pequenas, mas de perto deixa a gente tão sensível. Tem momentos que a única coisa possível de se fazer é escrever. Vomitar palavras de tudo o que ta apertando o peito, pra que seja possível seguir com o dia sem passar mal de ansiedade. Quando eu escrevo eu fico um pouco mais leve, e entendo melhor o que eu to realmente sentindo.
Sempre me vem o pensamento: qual o problema comigo? E depois disso, quase nunca vem pensamentos bons. Eu me fechei em uma bolha, e quando abro, uma hora sempre me machuco. Eu vivo com o constante medo de como as outras pessoas vão reagir a quem eu sou, e também por isso que me fechei. Eu queria tanto dar a elas tudo que carrego em mim, e toda a consideração que sinto. Mas ser distante é tão mais fácil do que se machucar não é? Como elas iriam reagir a uma pessoa que iria se abrir ao extremo? Então melhor se fechar por completo, certo?
Gerenciar emoções é a coisa mais estranha. As vezes tudo o que eu queria era chamar cada pessoa e falar exatamente como me sinto. Dizer que sinto falta, que sinto muito. Que podíamos marcar uma hora inteira pra falar de qualquer coisa, qualquer bobeira, de filmes, gostos em comum. Só que aprendi a ser fria. Pois ser fria é guardar o "sentir ao extremo" em uma caixa bem fechada no coração. E ai é mais fácil lidar com tudo assim.
As vezes apenas respirar fundo já melhora uns 50%, e ai a gente vai vivendo.
Percebi que tenho uma grande necessidade de controle. É uma questão que já foi mencionada na minha terapia, porém não foi abordada tão a fundo e logo foi esquecida.
Hoje eu tava vendo uns vídeos no tiktok e apareceu um em que a banda Paramore estava cantando o começo da música Last Hope:
"I don't even know myself at all/ I thought I would be happy by now/ But the more I try to push it, I realize/ Gotta let go of control/ Gotta let it happen"
Eu amo Paramore e conheço muito bem essa música. Mas de repente, naquele momento, uma ficha caiu. Tudo na minha vida gira em torno do controle. Eu tenho a extrema necessidade de ter o controle de tudo o que eu conseguir, e me torturo por aquilo que não consigo. A maior parte das minhas questões é por causa do controle que acho que preciso ter.
Não manter uma constância em atualizar esse blog, que é algo que eu gostaria muito, é culpa da minha necessidade de controle. Outro exemplo: as vezes eu me impeço de ter alguns pensamentos só porque na hora eu não posso anotá-los. E ai, se eu não posso fazer isso, eu evito pensar(!!!) e deixar que minhas reflexões aconteçam pois preciso que elas ocorram no momento que eu quero. É exaustivo!
Eu acho que preciso ter o controle de tudo, porque isso me faz ter a ilusão de que a minha vida está nos trilhos, de que é assim que precisa ser para que as coisas de fato aconteçam. Porém, querer estar no controle faz com que eu empaque. Na minha cabeça tudo precisa ser perfeito, as atividades que realizo no dia-a-dia, os horários, a forma como me relaciono com as pessoas... mas na realidade é bem diferente disso. E quando as coisas não saem como eu acho que deveriam ser, eu fico travada e ansiosa. E isso vai bem além de coisas e rotina, é algo que não me permite relaxar e afeta minhas relações e a forma como lido com as outras pessoas. A necessidade de controle me impede de fazer tudo o que me proponho. Eu sei que não existe perfeição, mas querer ter o controle de tudo é querer que tudo seja perfeito, e é ai que eu sempre falho.
Eu não sou uma pessoa disciplinada, muito pelo contrário. Eu sou bem inconstante, e é muito difícil praticar o "feito melhor do que perfeito". Em algum momento da minha vida eu criei toda essa grande ilusão, e isso foi me moldando de forma rígida.
Eu queria ter uma conclusão pra tudo isso, um fechamento, quem sabe até uma solução. Mas pensar assim sou eu voltando nessa ideia de controle. As coisas simplesmente são assim, e eu preciso reconhecer e abraçar. Hoje eu consegui perceber tudo isso de uma forma mais profunda como não havia acontecido antes, e agora eu acho que preciso pensar e digerir tudo. Está claro pra mim que eu sou uma pessoa controladora, mas ainda não está nada claro como posso mudar e evoluir em relação a isso.
Eu refleti um pouco sobre essas coisas hoje, porém não consegui me expressar muito bem aqui. Mas ta tudo bem. Decidi que parte do meu processo vai ser tentar voltar a escrever sobre as questões que sinto, mas que na hora de colocar em palavras mesmo, da tudo errado e acabo desistindo.
"It's just a spark/ But it's enough to keep me going/ So if I let go of control now I can be strong"
Vou deixar aqui uma apresentação perfeita da banda cantando a música <3